O agricultor Clóvis Motin planta hortaliças em um ambiente fechado onde as plantas ficam diretamente na água que contém nutrientes, também chamado de hidropônico. Essa modalidade de plantação exige muita energia em função do motor que irriga a plantação a cada 10 minutos. Mas Motin encontrou a solução para os altos custos de energia elétrica ao implantar placas solares em sua fazenda em Colombo. Em até quatro anos, o financiamento para a instalação estará quitado e
A fazenda pertencia ao seu pai, além de modernizar técnicas Clóvis também procura alternativas para aumentar a lucratividade da lavoura. Em seu sistema hidropônico, as 21 estufas da propriedade produzem tipos diferentes de alface, rúcula, agrião e cebolete. Todas as segundas e quintas-feiras ele colhe as hortaliças, e às terças e sextas vende a produção na Ceasa.
“Se ficamos sem energia, as plantas murcham e perdemos toda a produção. Então o consumo é alto e não podemos deixar de usar energia”, conta. Foi assim que ele chegou até a implantação de placas de energia solar. “Vi nisso uma oportunidade de reduzir custos. Eu gastava cerca de R$ 2 mil por mês com energia elétrica. A possibilidade de financiar o sistema fotovoltaico em 10 anos e sem juros através do RenovaPR e Banco do Agricultor Paranaense foi uma vantagem bem grande para mim. Hoje eu gasto certa de R$ 300 mensais em energia e, com o excedente, pago a parcela do financiamento”.
“Além disso, o fornecedor me deu garantia de 25 anos nas placas. Então em até quatro anos eu pago tudo e tenho mais 20 anos aproximadamente para usar as placas sem esquentar a cabeça e reduzindo a minha fatura de energia elétrica”, avalia.
Além de pagar a conta de luz da propriedade rural, Motin explica que a captação solar alimenta diversas estruturas que lhe pertencem “O sistema para regar as plantas, o sistema das estufas, o barracão, a minha residência e até a casa na praia. Todo o consumo está sendo coberto pela captação solar”, afirma.
“Eu fiz o sistema um pouco maior do que eu necessitava já pensando em suprir uma possível ampliação das estufas ou a instalação, no futuro, de uma câmara fria no barracão. Tenho a opção de, futuramente, usar esta energia produzida para carregar um caminhão elétrico. Então todas as minhas necessidades serão supridas pelo sistema”, complementa.
Ele conta ainda que optou por instalar placas fotovoltaicas que fazem a captação da luz solar dos dois lados: tanto pela parte de cima, que fica voltada para o céu, quanto pela parte de baixo, que recebe a claridade que bate no solo e é devolvida para as placas.
“Não precisa nem ter sol e as placas estão carregando, somente pela claridade do dia. E pelo aplicativo que tenho no celular, consigo controlar tudo. Se por acaso um dos módulos não estiver carregando, eu consigo perceber o problema e corrigir. É muito prático”, afirma.
Motin explica que são colhidos cerca de 200 caixas de alface por semana e quatro mil maços de agrião e rúcula, somados. “É uma produção considerável e trabalhamos para obter o máximo de produtividade e também de aproveitamento, minimizando as perdas para garantir a lucratividade”, afirma.
Hidroponia
Ele explica que as hortaliças são muito sensíveis às mudanças climáticas, e o ambiente protegido ajudou a melhorar a produtividade e reduzir gastos. “Muitos agricultores estão parando de trabalhar porque o custo está alto demais. Hoje você não pode mais plantar um monte de coisa e perder. É preciso plantar menos, com o máximo de produtividade e vender toda a produção. E isso só conseguimos otimizando processos”, diz.
Outra vantagem do sistema hidropônico é a durabilidade do produto final. “Para o consumidor final é um produto mais durável porque ele compra a hortaliça com a raiz e, assim, o produto dura mais na geladeira”, afirma. Enquanto um pé de alface convencional dura de um a dois dias sem murchar em ambiente refrigerado, um alface hidropônico dura de três a quatro dias.
De acordo com a Embrapa, não existem estatísticas oficiais no Brasil sobre produção de hortaliças em ambientes protegidos. De acordo com Ítalo Moraes Rocha Guedes, pesquisador em Cultivo Protegido de Hortaliças e Agricultura em Ambiente Controlado, na Embrapa Hortaliças, o que tem se verificado em todo o País é um aumento nas demandas sobre cultivo protegido na produção de hortaliças, particularmente sobre hidroponia.
“Uma das coisas mais difíceis na cadeia de produção de hortaliças é a plantação em período chuvoso em campos abertos. Com o aumento da frequência de fenômenos climáticos extremos, o plantio de hortaliças em campo aberto está cada vez mais desafiador”, explica.
“A hidroponia é mais eficiente no uso de água e fertilizantes e, também, reduz o uso de agrotóxicos, oferecendo ao consumidor final um produto mais limpo e saudável. Além de usar menos insumos, a hidroponia tem mais produtividade”, afirma o pesquisador.
De acordo com estimativas da Embrapa, existe no Brasil entre 1,5 mil a 3 mil hectares de áreas com hidroponia. São Paulo é a região que mais concentra este tipo de cultivo, e o Paraná é o destaque entre os estados do Sul, sobretudo na produção de hortaliças e morangos na Região Metropolitana de Curitiba e também no Oeste, com folhosas.
Com informações da Agência Estadual de Notícias