Com o desastre das enchentes no Rio Grande do Sul muitas pessoas passaram a se perguntar: o que fazer caso algo assim aconteça comigo? Para responder esses questionamentos, a Defesa Civil Estadual forneceu algumas orientações de como agir antes, durante e depois de um desastre.
Antes
O recomendado é abandonar o local da calamidade o quanto antes, mas para fazer isso de forma segura é necessário planejar. Um plano de como agir caso algo aconteça é de extrema importância.
Como os habitantes da casa vão se comunicar é um dos pontos a ser discutidos. Assim como onde vão se encontrar caso estejam separados.
Em algumas situações é melhor ficar em casa, mas as vezes podem ser vantajoso abandonar a residência. Nesse caso, estar preparado para sair da casa é indicado. Nesse cenário, uma mochila com itens essenciais pode ser uma boa ideia.
Entre os itens fundamentais para compor a mochila de emergência pessoal estão: água, comida não perecível, cópias de documentos (deixar os originais com fácil acesso para também serem levados), dinheiro, remédios e receitas de remédio (como prescrições de remédios controlados), kit de primeiros socorros, material de higiene pessoal, kit básico de roupas, fraldas, suprimentos para bebês e ração para animais.
Durante
A Defesa Civil é responsável por enviar avisos via SMS para pessoas que moram em regiões que podem ser afetadas por desastres climáticos. Ao mesmo tempo, é importante verificar se a fonte desse aviso é confiável.
Para verificar a situação também é possível entrar em contato com o Simepar ou até a Defesa Civil (199) ou o Corpo de Bombeiros da sua cidade (193).
No caso de chuvas e enchentes, se deslocar para os lugares mais altos da região/cidade é o mais indicado. Mas sempre levando em consideração se é seguro fazer esse deslocamento. O quanto antes você começar a agir, melhor.
Depois
Após as tragédias, é necessário começar a reconstruir. Para buscar auxílio dos órgãos do governo é necessário ter os devidos documentos em mãos. Para solicitar segunda via da CNH, entre em contato com Detran. Para outros documentos como CPF e CIN, procure o Instituto de Identificação da Polícia Civil.
Prevenção
Um refugiado climático é uma pessoa que é forçada a deixar sua casa devido a eventos climáticos extremos ou mudanças ambientais que ameaçam sua vida ou condições de vida. De acordo com o boletim mais atualizado (8/7) da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, 2.398.255 pessoas foram afetadas pelas enchentes que afetaram o Estado vizinho.
O desmatamento no Rio Grande do Sul desempenhou um papel significativo na tragédia recente que atingiu o estado. Em entrevista à Agência Brasil, o professor Roberto Reis, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), explica que, embora a capital Porto Alegre tenha sido construída em uma área de várzea, a manutenção e construção de diques e barragens poderiam ter evitado uma tragédia maior.
No entanto, o governo Leite destinou apenas 0,0003% do orçamento para manutenção e investimento na aquisição de novos equipamentos e ações de prevenção e de emergência, e 0,01% para a atualização do sistema de gestão da defesa civil estadual.

Entre 1985 e 2022, o Rio Grande do Sul perdeu 3,6 milhões de hectares de vegetação nativa, cerca de 22%. Essa vegetação atua como uma camada protetora do solo, impedindo que a água o arraste e causando erosão. A perda dessa cobertura vegetal tem deixado o estado mais vulnerável a desastres ambientais.
Além disso, o Código Ambiental do Rio Grande do Sul, que levou nove anos para ser elaborado, foi alterado pelo governo estadual através do Projeto de Lei 431/2019 sem consulta aos próprios técnicos da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Esse projeto foi encaminhado à Assembleia Legislativa e entre a apresentação do projeto e a aprovação passaram-se apenas 75 dias.
Os técnicos do Fepam criticaram o novo projeto em um documento técnico.
Eles destacaram que o novo código deixa de proteger áreas de interesse ecológico. Além disso, o código afrouxa o licenciamento ambiental, através de um auto licenciamento. O novo código também desmonta o Código Florestal do RS ao revogar vários artigos que protegem as florestas e espécies importantes da flora gaúcha, abrindo caminho para os incêndios florestais e eliminando a proteção das florestas nativas e demais formas de vegetação natural.

É importante lembrar que a flora nativa tem um papel importante na prevenção de desastres relacionados com o regime de chuvas. As raízes das plantas absorvem água da chuva e estabilizam o solo, evitando erosão e deslizamentos. Isso diminui a velocidade do escoamento da água, permitindo que ela infiltre no solo e recarregue lençóis freáticos.
Áreas com vegetação nativa funcionam como zonas naturais de infiltração, reduzindo a quantidade de água que chega aos centros urbanos. Além disso, a vegetação sequestra carbono, ajudando a reduzir o efeito das mudanças climáticas que podem aumentar a frequência de eventos climáticos extremos (enchentes, secas, chuvas, ondas de calor, etc). Portanto, preservar e restaurar a flora nativa é vital para a prevenção de desastres e proteção do meio ambiente e das comunidades.