O instituto Radar Inteligência divulgou neste final de semana a primeira pesquisa para a disputa da Prefeitura de Curitiba realizada dentro do ano eleitoral. Os números foram divulgados após uma semana quente na capital, com a desfiliação em massa de vereadores do maior partido da Câmara e um “vai, não vai” do ex-prefeito Beto Richa para o PL, onde seria o candidato a prefeito do ex-presidente Jair Bolsonaro.
No cenário da pesquisa estimulada (quando os nomes são mostrados ao eleitor) com o maior número de candidatos (dez deles), as intenções de voto ficam bastante divididas. O vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) aparece na frente com 15,8% das intenções de voto, seguido por Beto Richa, PSDB (13,1%); Luciano Ducci, PSB (12,3%); Deltan Dallagnol, Novo (11,5%) e Ney Leprevost, União Brasil (10,9%) – todos pontuando acima dos 10%.
Somos O Luzeiro, o site de notícias que o Paraná merece!
Na sequência, com menor intenção, temos Paulo Martins, PL (4,7%); Maria Victoria, PP (3,3%); Luizão Goulart, Solidariedade (3,2%); Carol Dartora, PT (2,6%) e Goura, PDT (2,5%). Os chamados “indecisos”, que ainda não sabem ou preferiram não responder, são 12,3% dos entrevistas – um número até que baixo, considerando a distância daqui até a votação. E quem não votaria em nenhum dos nomes apresentados ou vai anular/votar em branco somam 7,8% dos entrevistados.
Vale lembrar que a pesquisa tem uma margem de erro, então o resultado de cada candidato pode variar 3,5 pontos percentuais, para mais ou para menos, o que coloca os cinco nomes mais citados em empate técnico.
O Radar também pesquisou a rejeição dos candidatos, quando o eleitor é questionado em quem não votaria de jeito nenhum, também mostrou dados que, na teoria, devem animar a maioria dos candidatos. Com a exceção de Beto Richa, em quem 36,7% dos entrevistados afirmou que não votaria em hipótese alguma, o restante aparece com menção inferior a 5%, um dado que, a princípio, não é preocupante para as pretensões eleitorais numa disputa por prefeitura.
A rejeição de Richa é explicada pela série de escândalos de corrupção que atingiram sua gestão como governador do Paraná. Ele chegou a ser preso por três vezes nas proximidades da eleição de 2018, quando disputava um cargo de senador. Recentemente, uma decisão monocrática (ou seja, de um magistrado só) do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), praticamente sepultou quase todas as investigações que pesavam contra Richa, derivadas das operações Piloto, Integração, Rádio Patrulha, Quadro Negro.
Quem comemora
Com apoio do atual prefeito, Rafael Greca (PSD) e do governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), Eduardo Pimentel com certeza é o que está mais aliviado com o resultado da pesquisa Radar. Se seu potencial eleitoral era colocado em dúvida, agora se mostra mais consistente. A intenção de superexposição do vice-prefeito deu resultados e ele lidera em todos os cenários pesquisados. Nos com menos candidatos, que são mais prováveis de acontecer até outubro, por margens maiores nominalmente, ou seja, sem levar em conta a margem de erro.
Análise: sobram peças no tabuleiro de Ratinho Jr. para as eleições de 2024 no Paraná
Pimentel também vence, mais uma vez, nominalmente, nas três simulações de segundo turno: contra Luciano Ducci (PSB), Ney Leprevost (União) e Deltan Dallagnol (Novo).
A expectativa é que, amparado pelo maior partido do Paraná, o PSD, e com apoio das máquinas municipal e estadual, Pimentel consiga ampliar suas intenções de voto e, dependendo do arranjo eleitoral, consiga até mesmo faturar a eleição no primeiro turno.
O deputado federal Luciano Ducci (PSB) também tem o que comemorar com o resultado do levantamento. Seu nome aparece de forma consistente entre terceiro e segundo colocado nos cenários pesquisados. Em uma batalha interna com petistas para ser o candidato da aliança que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência em 2020, mostrou um potencial eleitoral muito maior do que a deputada federal Carol Dartora (PT). Resta saber se os filiados do PT em Curitiba irão seguir a determinação da direção nacional do partido e apoiar a aliança com o PSB.
Quem se preocupa
Embora tenha feito uma limpa nos “infiéis” à sua candidatura na Câmara Municipal, o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil) não tem mais o trunfo das pesquisas eleitorais para reforçar sua candidatura à Prefeitura de Curitiba. Embora seu desempenho não seja exatamente ruim, variando entre quinto e segundo, dependendo dos candidatos apresentados ao eleitor, ele agora indica cair de patamar de “segundo turno certo” para uma disputa ferrenha com Luciano Ducci (PSB) e Eduardo Pimentel (PSD). Isso sem contar que, internamente, ainda terá reconstruir o partido, após a saída dos oito vereadores da legenda.
Outro candidato que deve olhar os dados com atenção, e uma certa preocupação, é ex-deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Novo). O ex-chefe da Lava Jato está com uma pontuação bastante modesta para alguém com sua fama. Além disso, sua possibilidade de ser candidato ainda é incerta. Ele perdeu o mandato no ano passado após a Justiça Eleitoral cassar o seu registro de candidatura. Isso aconteceu pois o ex-procurador pediu exoneração do Ministério Público Federal enquanto respondia a processos administrativos no Conselho Nacional do Ministério Público – uma das causas de inelegibilidade previstas na Lei da Ficha Limpa. Pela manobra, estaria inelegível por oito anos.
Além disso, as possibilidades de crescimento dele acabam sendo mais limitadas devido ao tamanho de seu partido. O Novo foi um dos maiores derrotados das eleições de 2022, perdendo boa parte de sua bancada federal e até mesmo falhando em atingir a cláusula de barreira. Isso limita acesso aos fundos partidário e eleitoral, bem como reduz o tempo de propaganda gratuita de rádio e TV. Além disso, Deltan ainda entraria na disputa com grandes chances de ter o seu registro indeferido pela Justiça Eleitoral, o que pode afastar seu eleitor.
Quem também não se anima com os números são os oponentes de Luciano Ducci (PSB) no campo da esquerda. Carol Dartora (PT) e Goura (PDT) aparecem sempre abaixo dos 5% das intenções de voto, ante os percentuais acima dos 10% de Ducci. Embora exista a discussão, ferrenha, sobre o quanto de “esquerda” seja o candidato do PSB, um egresso do grupo político de Richa (PSDB), em termos de potencial eleitoral, a escolha parece ser bastante clara.
Outro claro preocupado com o resultado da pesquisa Radar é Beto Richa (PSDB). Ele é o único com uma rejeição considerada alta, a 36,7%. Embora o percentual não o impeça, matematicamente, de ser eleito prefeito, é um fator que costuma limitar bastante o potencial eleitoral.
Dados obrigatórios da pesquisa
A partir do começo deste ano, qualquer levantamento com objetivo de medir intenções de voto tem que ser registrado na Justiça Eleitoral, com os dados obrigatórios a seguir. A pesquisa Radar foi feita entre os dias 11, 12 e 13 de março com 816 eleitores e contratada pelo próprio instituto. A margem de erro do levantamento é de 3,5 pontos percentuais, para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95% e o número de registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é o PR-07339/2024.