Atualizada no dia 15/03/2024
Faltando quatro meses para as convenções partidárias que definirão os candidatos à Prefeitura Municipal de Curitiba, alguns dos principais nomes cotados para a disputa ainda precisam se viabilizar internamente para constarem como opção ao eleitor curitibano em 6 de outubro. Sem um grande favorito a ocupá-la de largada, a cadeira de Rafael Greca (PSD) desperta o interesse de vários postulantes e é vista como estratégica, também, para as eleições gerais de 2026, quando serão escolhidos governador e presidente da República.
Como está a disputa das eleições 2024 nas dez maiores cidades do Paraná
Nome certo na disputa, o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) segue sendo o plano A do grupo político do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), que governa e domina politicamente o Paraná. Mas Pimentel ainda não conseguiu transformar todo o capital político de Ratinho, Greca e outros tantos padrinhos em intenções de voto. Ele apareceu atrás de outros aspirantes ao cargo nas pesquisas eleitorais divulgadas no ano passado. Na última delas, divulgada em 14 de dezembro pela Paraná Pesquisas, apareceu apenas na quarta posição.
Análise: sobram peças no tabuleiro de Ratinho Jr. para as eleições no Paraná
A estratégia do PSD é apostar em uma superexposição de Pimentel para torná-lo mais conhecido. Desde o início do ano passado, o vice-prefeito acumula o cargo de secretário Estadual das Cidades, no governo de Ratinho Jr., e estuda-se uma renúncia de Rafael Greca antes da conclusão de seu mandato. Desta forma, Eduardo assumiria a prefeitura e dispute, nesta posição de poder, a reeleição. O estafe de Pimentel aposta na alta taxa de aprovação – 73%, segundo a Paraná Pesquisas – da gestão de Greca e o fato de o atual prefeito ser o mais lembrado pelo eleitor na pesquisa espontânea. Mas até Greca, no fim do ano passado, hesitou ao declarar que ainda não havia definido o candidato na sua sucessão.
Somos O Luzeiro, o site de notícias que o Paraná merece!
A patinada de Pimentel na corrida pelo Palácio 29 de Março anima Ney Leprevost (União Brasil). Pontuando melhor nas pesquisas, o deputado estadual, que foi secretário de Ratinho, na Secretaria da Justiça, Família e Trabalho, durante o primeiro mandato, está disposto, até mesmo, a bater chapa com seus até então aliados em busca do sonho de governar Curitiba. Ele foi derrotado por Greca no segundo turno de 2016.
As aspirações dele ganharam um impulso em março, com a saída dos oito vereadores do União Brasil do partido em Curitiba. Todos queriam seguir na base do prefeito Greca e apoiar a candidatura Pimentel e acabaram sendo levados a pedir desfiliação pelas ameaças abertas de expulsão feitas pelo diretório municipal, comandado por Leprevost.
Apesar da movimentação na capital, os principais obstáculos de Leprevost seguem sendo internos. A família Francischini, do deputado federal Felipe, da deputada estadual Flávia e do ex-deputado Fernando, que comanda o União Brasil, já tem compromisso firmado com a candidatura de Pimentel.
Quem é o candidato de Bolsonaro em Curitiba?
Ainda em março, uma tentativa de movimentação do ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) levantou a pergunta: quem é o candidato de Jair Bolsonaro (PL) na disputa pela prefeitura da capital paranaense?
Apresentado a Bolsonaro pelo deputado federal Filipe Barros (PL), Richa chegou a aceitar uma ida para o partido do ex-presidente. Mas, rejeitado pela militância bolsonarista, e sem o aval do PSDB para trocar de partido, acabou tendo que recuar da mudança. Mas, manteve uma pré-candidatura a prefeito. Resta saber se a manobra mal sucedida não queimou as pontes do ex-prefeito, que é aliado de longa data do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
A tentativa de Richa também despertou o interesse do ex-deputado federal Paulo Martins (PL). Tido como um candidato forte na disputa pela vaga de Sergio Moro (União Brasil) no Senado, já que o ex-juiz enfrenta uma quase certa cassação do mandato, ele primeiramente renunciou ao cargo de presidente municipal do PL, em protesto à filiação do ex-governador. Mas, depois, aproveitou a oportunidade para se colocar à disposição do partido para a disputa pela Prefeitura de Curitiba.
Bancada da Lava Jato e o freio da Justiça Eleitoral
Encerradas as eleições de 2022, com Sergio Moro (União) eleito senador e Deltan Dallagnol (então no Podemos) sendo o deputado federal mais votado, com 344 mil votos, a bancada da Lava Jato no Paraná já iniciou seu projeto visando o Poder Executivo. O plano era lançar Deltan à Prefeitura de Curitiba e, na sequência, Moro ao Governo do Estado. Deltan, no entanto, teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a extensão de sua inegibilidade é uma dúvida. Moro ainda responde a processo que também pode resultar em sua cassação, com efeitos certos sobre sua elegibilidade.
Deltan, agora filiado ao Novo, apresenta-se como pré-candidato à prefeitura da capital. Seu partido, inclusive, notificou os principais institutos de pesquisa atuantes no estado para que incluam o ex-coordenador da Força Tarefa da Operação Lava Jato nos levantamentos que vierem a ser realizados, apostando em uma improvável reversão da inelegibilidade.
Com a pendência na pré-candidatura de Deltan, o nome da mulher do ex-procurador, Fernanda Dallagnol, chegou a ser testada em pesquisas no ano passado, alcançando 8% no cenário mais favorável. Uma composição com a bancada da Lava Jato, formando chapa com Fernanda, passou a ser vista, também, como uma alternativa para Ney Leprevost.
Frente de esquerda ou candidaturas pulverizadas?
Na esquerda e centro-esquerda, a discussão é sobre a possibilidade da construção de uma frente para enfrentar o grupo político de Ratinho Jr. e Greca ou no lançamento de mais candidaturas, para pulverizar a disputa e alavancar chapas à Câmara de Vereadores.
O PT já teria até um nome: a deputada federal Carol Dartora, que vive uma grande ascensão política desde a sua eleição para vereadora, em 2020. A “chapa pura” jovem, negra e representante da periferia petista ainda poderia ser composta com o deputado estadual Renato Freitas (PT), que vem colecionando embates e ganhando cada vez mais evidência. O deputado federal Zeca Dirceu corre por fora na disputa interna. Mas a estratégia nacional do PT é clara: abrir mão de candidaturas próprias para compor com os principais aliados em nome da governabilidade em Brasília, o que abre caminho para construção de uma grande aliança.
Segundo colocado na eleição de 2020, o deputado estadual Goura (PDT) terminou o pleito anterior cacifado para uma nova disputa, podendo ser o nome a agregar a oposição em torno de um projeto único. Mas sofre com a desidratação de seu partido no estado. O PDT, de Ciro Gomes, foi um dos grandes derrotados na eleição de 2022. Não elegeu nenhum deputado federal e manteve apenas a cadeira de Goura na Assembleia Legislativa.
Quem desponta, então, como o nome a liderar essa frente de esquerda é um antigo adversário deste mesmo grupo político: o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB) que fez carreira aliado com o PSDB de Beto Richa. Deputado federal, Ducci alinhou-se à postura nacional do PSB e é um nome de confiança do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). E Ducci ainda tem os números a seu favor. No levantamento da Paraná Pesquisas de dezembro, apareceu na liderança, com 22% das intenções de voto.