O Instituto Água e Terra (IAT) e o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) vão aplicar R$ 90 milhões de uma indenização da Petrobras no projeto Monitora Litoral, concebido para melhorar o sistema de monitoramento de chuvas na região. Esse recurso é fruto de uma decisão da Justiça Federal publicada nesta quinta-feira (6), após acordo que contou com a participação do Ministério Público do Paraná (MP-PR) e Ministério Público Federal (MPF).
O Simepar possui um radar meteorológico em Teixeira Soares, outro em Curitiba e um terceiro em Cascavel. Com o Monitora Litoral, este radar de Teixeira Soares será substituído por um mais moderno, um novo radar será instalado em Guaratuba, e um terceiro radar será instalado em local ainda a ser estudado. O monitoramento desta região vai permitir verificar sistemas meteorológicos se aproximando na divisa do Paraná com São Paulo e chuvas que vem do sul.
Além de intensificar o monitoramento das chuvas, os novos radares meteorológicos ampliarão o monitoramento ambiental de áreas como mangues e bacias costeiras. Serão instalados equipamentos para coleta de dados como nível do mar, altura de ondas, ressacas e correntes marítimas em Antonina, Morretes, Paranaguá, Pontal do Paraná, Guaraqueçaba, Matinhos e Guaratuba.
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) participará da etapa de concepção e desenvolvimento dos modelos de alerta do projeto, que irão monitorar, também, a BR-277, que liga a capital ao Litoral.
A indenização é resultado do vazamento de óleo diesel de Morretes até a Baía de Antonina após o rompimento de um poliduto, em 2001. O valor foi definido em um acordo judicial em 2012, e somente agora foi permitida a execução da quantia para aprimorar os sistemas de prevenção de desastres naturais.
Mais radares custeados por outra indenização
Este é o segundo projeto do Simepar beneficiado por indenizações da Petrobrás. Além do Monitora Litoral, já está em andamento o Monitora Paraná com a utilização de uma verba depositada no Fundo Estadual do Meio Ambiente pela Petrobras, como indenização por outro acidente causado pela estatal, desta vez no Rio Iguaçu, em 2000.
O Monitora Paraná prevê a instalação de outros três radares meteorológicos: um em Jandaia do Sul, outro em Campo Magro, na Região Metropolitana de Curitiba, e um terceiro no Centro de Estudos do Mar da UFPR, em Pontal do Sul, no Litoral do Paraná. O monitoramento deles será sobreposto, o que vai auxiliar os meteorologistas a cobrir “pontos cegos” que apareciam nos mapas – obstruções físicas como por exemplo as montanhas da Serra do Mar.
A escolha pelo município de Jandaia do Sul também foi estratégica. “Esta era uma área que não tinha cobertura, e por ali passam sistemas de tempestades severas que se formam no Paraguai e vem para o norte do Estado causando inundações, deslizamentos, ou ventos muito fortes associados a granizo. É uma região muito atingida pelas secas e que irá implementar projetos de irrigação com apoio do governo do Estado”, detalha o presidente do Simepar, Paulo de Tarso.
Ao longo de 2024 os estudos para o termo de referência dos editais foram concluídos pela equipe do Simepar. O Monitora Paraná terá a publicação do edital nas próximas semanas e a licitação, que será publica pelo IAT, deverá ocorrer ainda no primeiro semestre de 2025. No mesmo período será publicado o edital do Monitora Litoral.
As empresas concorrentes precisarão seguir critérios técnicos na qualidade dos equipamentos ofertados e também na instalação. Para cada radar será necessária a construção de uma torre acima de 30 metros, em local sem obstáculos e sem interferências. A antena do radar precisará ser protegida por uma redoma.
Com informações da Agência Estadual de Notícias