A doação de órgãos e tecidos é a oportunidade de, num momento de dor, perda e sofrimento, dar esperança a outras pessoas que estão à espera de um transplante. Como isso depende de autorização da família do paciente com morte encefálica diagnosticada e comprovada, existe sempre uma chance de que o procedimento seja recusado, apesar de sua importância. Nesse quesito, os paranaenses dão exemplo de solidariedade. O Estado tem o menor índice de recusa familiar na doação de órgãos: em apenas 27% dos casos possíveis houve resposta negativa. Como comparação, a média nacional é de 42%.
A pesquisa desses indicadores foi feita pela Associação Brasileira de Transplante de Órgão (ABTO) com base no Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) referente ao ano de 2023. A autorização familiar é procedimento padrão, por isso é sempre necessário que interessados na doação conversem com seus familiares sobre o assunto. O reforço, em vida, do desejo individual de doar pode ajudar no trabalho de convencimento das equipes de saúde, que conversam com as famílias para obter a autorização para a doação de órgãos e tecidos.
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Não são todos os casos de falecimento em que é possível o procedimento. Apenas quando ocorre a morte encefálica, ou seja, a interrupção irreversível das atividades cerebrais do paciente. Essa condição é atestada mediante parâmetros rígidos e tem que ser verificada por especialistas em medicina intensiva e neurologia. O diagnóstico também é confirmado por exames complementares, de gráfico e imagem, para comprovar, sem dúvida alguma, que o cérebro parou mesmo de funcionar.
Após o diagnóstico da morte encefálica, as equipes de saúde conversam com os familiares para obter autorização. Também é importante informar que a retirada dos órgãos e tecidos não afeta a aparência do corpo do falecido para o velório, sendo feito um procedimento de reconstrução, para deixá-lo sem qualquer deformidade.
De acordo com o Sistema Estadual de Transplantes do Paraná, (SET-PR), são 3.716 pessoas que esperam por um transplante no Estado. A maior demanda é para transplante de rim, com 2.073 cadastrados, seguido por córnea (1.323 na fila), fígado (245), coração (40), pulmão (15) e pâncreas (2).
Outros dados positivos
Além do exemplo da baixa recusa familiar, o Paraná também é o Estado com a maior quantidade de doadores de órgãos em relação à população, foram 42,5 doadores por milhão de habitantes no ano de 2023, contra uma média nacional de 19,9 doadores por milhão. Em números brutos, foram 486 doadores.
Em outras modalidades de transplante, o Paraná também se destaca. Em números proporcionais, que levam em conta o tamanho da população, o Estado foi o segundo em fígado (total de 299 transplantes), quarto em rim (487 transplantes), quarto em córnea (1.298 transplantes) e terceiro em medula óssea (415 procedimentos).
Outro fato positivo é o que o Paraná foi um dos poucos Estados – somente sete – a fazer transplantes de pâncreas, com sete operações. No caso de coração, apenas 13 Estados fizeram o procedimento, sendo que por aqui foram 26 corações transplantados.
Estruturação e agilidade
A Central Estadual de Transplantes (CET) fica em Curitiba e é responsável pela coordenação das atividades de doação e transplantes em todo Estado. Além disso, conta com quatro Organizações de Procura de Órgãos (OPOs), na Capital, Londrina, Maringá e Cascavel. Estas unidades trabalham na orientação e capacitação das equipes distribuídas em 67 hospitais do Paraná, que mantêm Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT).
Ao todo são cerca de 700 profissionais envolvidos, entre eles 32 equipes de transplante de órgãos, 29 serviços transplantadores de córneas, três bancos de córneas (Londrina, Maringá e Cascavel) e um banco de multitecidos (córnea, válvulas cardíacas, pele e tecido ósseo) em Curitiba.
Para que os transplantes sejam bem sucedidos, é necessária eficiência no transporte do órgão do doador até o receptor. A estrutura para isso conta com nove veículos próprios da CET para atender as unidades distribuídas no Estado, além do apoio da frota das Regionais de Saúde e mais 12 aeronaves à disposição para serem acionadas caso haja necessidade.
As aeronaves da Casa Militar do Governo do Paraná realizam um trabalho integrado com a CET e, em 2023, bateram o recorde no número de missões para transporte de órgãos: 300 horas em 137 voos que levaram ao menos 211 órgãos. Como comparação, no ano anterior, foram 79 missões para o transporte de órgãos no Estado.
Com informações da Agência Estadual de Notícias